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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O poeta Antonio Marinho, em extraordinária apresentação no município e Cabrobó, durante visita do Presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff as obras da Transposição. 


Esses vídeos foram divulgados em um famoso blog de Petrolina. Naquela época, o leitor Odilon Filho enviou um poema de autoria dele para também ser publicado. O blogueiro postou a matéria conforme texto abaixo:

O poeta Odilon Filho nos envia este belo cordel, demonstrando sua posição contrária à transposição de águas do Rio São Francisco.
Na verdade, o cordel é uma resposta de Odilon a um poeta que subiu no palanque do presidente Lula em Cabrobó, Sertão do São Francisco, por ocasião da visita deste ao município, no mês passado. Boa leitura!

Rio da Vida (Cordel)

Escutei de um poeta
Que o Velho Chico vai cortar,
Terras sertanejas e muita gente ajudar.
Vou lhe replicar em versos sinceros
De um jovem que acredita,
Que antes de transpor, precisa revitalizar o rio da vida!

Rio que mata a sede pode ficar na secura,
Por causa de uma obra obscura e politiqueira
A vida é muito maior que essa porqueira,
Que muitos querem se beneficiar.

Quantos jogaram pedras é um homem que apareceu do nada,
Deu risco sua vida e enfrentou uma batalha.
Levantou a bandeira da vida pra enfrentar essa guerra
Em terra que a seca inferna,
Que a botija que mata a sede.
 (...)
 Leiam meu comentário postado no blog, após ler a publicação denominada erroneamente de cordel:

Esse texto pode ser qualquer coisa, menos Literatura de Cordel. Há, na composição, uma mistura de sextilhas (estrofe de 6 versos) com quadras (estrofe de 4 versos) e quintilha (estrofe de 5 versos), revelando total disparidade em relação a tradiconal composição do cordel; que pode ser em sextilhas ou décimas, sendo a primeira a mais utilizada por todos os renomados cordelistas.

Ademais, há uma verdadeira “babel” em relação à métrica: a medida tradicional dos versos na literatura de cordel é sete sílabas poéticas, seja na sextilha ou na décima. No citado texto apenas o 1º e o 5º versos da primeira estrofe, estão de acordo com a regra, o que também ocorre no 4º verso da terceira estrofe. Daí por diante, se formos escandir todo o texto, identificaremos medidas variadas, com até 17 sílabas poéticas em um único verso, como é o caso de “O/ Se/nhor/ pre/ci/sa/ de/ u/ma/ lu/pa/ pra/ po/der/ en/xer/gar”. Versos como esse, é denominado heterométrico, haja vista apresentarem um grande variação de medida.
Quanto às rimas, agridem os ouvidos dos poetas parnasianos, que cultivavam o preciosismo nas rimas raras e ricas e buscavam a perfeição formal do poema. O texto apresenta uma heterogeneidade nas rimas. Convivem no poema, rimas emparelhadas, misturadas e versos brancos ou livres, descaracterizando-o em relação à literatura de cordel.

Não pretendemos com essa breve análise, desclassificar a criatividade e o dom poético do autor, mas não podemos aceitar que a produção seja classificada como LITERATURA DE CORDEL. Em outras palavras, trata-se de um poema (está composto em estrofes) livre e de versos brancos.

Outrossim, em relação ao poeta que se apresentou em Cabrobó, trata-se de Antonio Marinho do Nascimento, (meu conterrâneo de São José do Egito), filho de Zeto e Bia Marinho, neto de Lourival Batista (O rei dos trocadilhos), bisneto de Antonio Marinho (um dos maiores repentistas nordestino) e sobrinho de Otacílio Batista (autor de “Mulher nova bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor”) e de Dimas Batista (extraordinário repentista, foi advogado e professor universitário no Ceará).


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