O poeta Antonio Marinho, em extraordinária apresentação no município e Cabrobó, durante visita do Presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff as obras da Transposição.
Esses
vídeos foram divulgados em um famoso blog de Petrolina. Naquela época, o leitor
Odilon Filho enviou um poema de autoria dele para também ser publicado. O
blogueiro postou a matéria conforme texto abaixo:
O poeta Odilon Filho nos envia este
belo cordel, demonstrando sua posição contrária à transposição de águas do Rio
São Francisco.
Na verdade, o cordel é uma resposta de
Odilon a um poeta que subiu no
palanque do presidente Lula em Cabrobó, Sertão do São Francisco, por ocasião da
visita deste ao município, no mês passado. Boa leitura!
Rio da Vida (Cordel)
Escutei de um poeta
Que o Velho Chico vai
cortar,
Terras sertanejas e muita
gente ajudar.
Vou lhe replicar em versos
sinceros
De um jovem que acredita,
Que antes de transpor,
precisa revitalizar o rio da vida!
Rio que mata a sede pode
ficar na secura,
Por causa de uma obra
obscura e politiqueira
A vida é muito maior que
essa porqueira,
Que muitos querem se
beneficiar.
Quantos jogaram pedras é um
homem que apareceu do nada,
Deu risco sua vida e
enfrentou uma batalha.
Levantou a bandeira da vida
pra enfrentar essa guerra
Em terra que a seca inferna,
Que a botija que mata a sede.
(...)
Esse
texto pode ser qualquer coisa, menos Literatura de Cordel. Há, na composição,
uma mistura de sextilhas (estrofe de 6 versos) com quadras (estrofe de 4
versos) e quintilha (estrofe de 5 versos), revelando total disparidade em
relação a tradiconal composição do cordel; que pode ser em sextilhas ou
décimas, sendo a primeira a mais utilizada por todos os renomados cordelistas.
Ademais,
há uma verdadeira “babel” em relação à métrica: a medida tradicional dos versos
na literatura de cordel é sete sílabas poéticas, seja na sextilha ou na décima.
No citado texto apenas o 1º e o 5º versos da primeira estrofe, estão de acordo
com a regra, o que também ocorre no 4º verso da terceira estrofe. Daí por
diante, se formos escandir todo o texto, identificaremos medidas variadas, com
até 17 sílabas poéticas em um único verso, como é o caso de “O/ Se/nhor/
pre/ci/sa/ de/ u/ma/ lu/pa/ pra/ po/der/ en/xer/gar”. Versos como esse, é
denominado heterométrico, haja vista apresentarem um grande variação de medida.
Quanto
às rimas, agridem os ouvidos dos poetas parnasianos, que cultivavam o
preciosismo nas rimas raras e ricas e buscavam a perfeição formal do poema. O
texto apresenta uma heterogeneidade nas rimas. Convivem no poema, rimas
emparelhadas, misturadas e versos brancos ou livres, descaracterizando-o em
relação à literatura de cordel.
Não
pretendemos com essa breve análise, desclassificar a criatividade e o dom
poético do autor, mas não podemos aceitar que a produção seja classificada como
LITERATURA DE CORDEL. Em outras palavras, trata-se de um poema (está composto
em estrofes) livre e de versos brancos.
Outrossim,
em relação ao poeta que se apresentou em Cabrobó, trata-se de Antonio Marinho do Nascimento, (meu
conterrâneo de São José do Egito), filho de Zeto e Bia Marinho, neto de
Lourival Batista (O rei dos trocadilhos), bisneto de Antonio Marinho (um dos
maiores repentistas nordestino) e sobrinho de Otacílio Batista (autor de
“Mulher nova bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor”) e de Dimas
Batista (extraordinário repentista, foi advogado e professor universitário no
Ceará).
O Google está sem resposta 😒😡
ResponderExcluir