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domingo, 6 de novembro de 2011

Ao "mestre" com carinho.


Manoel Filomeno de Menezes, o "Mestre Manoel Filó", é uma referência na poesia popular nordestina. Não fez uso da profissão de cantador, mas foi um extraordinário poeta e glosador. Foi graças a genética herdada da minha mãe, a poetisa Rafaelzinha, e a esse amigo, em particular, que fui introduzido no mundo da cantoria e dos congressos de violeiros repentistas. Foi ele quem me deu a oportunidade, ainda adolescente, de frequentar em Petrolina esses eventos culturais, os quais despertaram a minha paixão pela admiração e até me fizeram se arriscar na composição de alguns poemas, mesmo que esporadicamente, quando a inspiração me batia.

Foi também Manoel Filó quem confiou em mim, ainda muito jovem, para substituí-lo certa vez numa comissão julgadora em um Congresso em Petrolina. Essa atitude causou-me surpresa e medo sem tamanho, pois eu cria que ele enxergara em mim um jovem com responsabilidade e capacidade para adentrar nessa seara da avaliação do desempenho de duplas num certame como aquele.

Assumi o posto e creio que com muita responsabilidade dei conta da atribuição a mim conferida, não decepcionando o meu "padrinho", fato que me credenciou a continuar daí para a frente, sempre compondo comissões julgadoras, o que me causava bastante contentamento.

Quando pensei que já havia enfrentado todos os desafios nessa área, eis que o "mestre" me aparece no início da década de 2000, solicitando que escrevesse algo para o seu primeiro "filho em papel", seu livro, AS CURVAS DO MEU CAMINHO. Fiquei ainda mais perplexo diante da nova empreitada, com certeza mais difícil que a primeira. Hesitei a priori. Argumentei que não poderia me arriscar em um campo minado como esse, mas depois de tantas contra-argumentações, decidi que escreveria "algumas mal traçadas linhas". E não é que para minha surpresa essas linhas vieram a ser utilizadas no prefácio da obra do "mestre!"

Infelizmente Manoel se foi para outra dimensão de forma abrupta, e "nem se despediu de mim", como realmente não gostava de se despedir dos amigos. Não dizia adeus, dizia até mais tarde. 

Filó partiu, deixou esposa e filhos, mas não deixou a semente, nem material para confeccionar o seu clone. Manoel foi primeiro sem segundo e será o último.

Descanse em paz mestre Mané!

Paulo Robério Rafael Marques

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