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sábado, 10 de março de 2012

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SECA E CHUVA NO SERTÃO
(Chico de Assis e João Santana)

Seca e chuva no Sertão
São quadros bem conhecidos
Depois que o sol racha o solo
E o trovão solta estampidos
A terra fértil engravida
E a chuva semeia a vida
Nos campos adormecidos

Após meses ressequidos
O calor chamusca a flora
Onde tem gado emagrece
Onde tem água evapora
E acauã assume o posto
Que o carão com desgosto
Deixou quando foi embora

Quando a mata se descora
O bamburral perde o cheiro
Tons de cinza desfiguram
A copa do marmeleiro
E a cor da vida só fica
Em juazeiro, oiticica
Catingueira e umbuzeiro

Seca a lama do barreiro
Se desfaz o croata
Cai a folha da jurema
Murcha o pé de trapiá
E o sol rasga o firmamento
O Sertão fica cinzento
Das pisas que o verão dá

Do canto do sabiá
Não se ouve uma só nota
Nem há quem dê cor aos tufos
Do capinzal que desbota
Cururu cava e se enterra
Sobra poeira na serra
Falta umidade na grota

Com a chuva o verde brota
Pelas fendas do lajedo
Cavalos escaramuçam
Campônios acordam cedo
Tanajuras fazem giros
E os trovões disparam tiros
Que as nuvens choram com medo

Cupins rompendo segredo
Embelezam fins de tarde
Socós remexem ramagens
A cantar fazendo alarde
Pirilampos ganham brilho
Baixios produzem milho
Que não há silo que guarde

O rochedo desencarde
Mudando a matiz das cores
O pólen pega carona
Nos colibris beijadores
Na lama os frutos azedam
E as abelhas se embebedam
No néctar virgem das flores

Insetos e roedores
Viram vítimas de serpentes
Rios secos ressuscitam
Cresce a vazão das nascentes
Nevoeiros se entrelaçam
Pedindo aos vales que façam
Germinar novas sementes

Oscilações decorrentes
Do movimento da Terra
Marcando através do clima
Cada ciclo que se encerra
Fenômenos que se renovam
Se complementam e comprovam
Que a Natureza não erra

Fonte: Voaviola.com.br (transcrição do áudio)



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