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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O Transplante, poema de autoria de Jorge Macedo e declamado pelo repentista Zé Cardoso. Muito criativo!

 

Melado, no Jucurim
Figura muito distinta
Um dia contou pra mim
E pra Toinho do Trinta
Que seu vizinho Edgar
Vivia de reclamar
Sua falta de vigor
Certo que não tinha jeito
De consertar o defeito
Na ferramenta do amor
 

 Mas isso é com todo homem
Que alcança certa idade
Só levanta alguma coisa
Com muita dificuldade
Se tomar um “reméidin”
Com ajeitado, um “carin”
Pra ficar na posição
Se não nada funciona
Arma nenhuma detona
Se não tiver munição
 

 E assim vivia Edgar
Lamentando seu dilema
Sem encontrar solução
Para tão grave problema
Mas seu compadre Sabino
Amigo desde menino
Mesmo sem ser convidado
Veio só lhe visitar
Na intenção de ajudar
Ao velho amigo brochado,
 

Compadre, não esmoreça
Reaja, seja mais forte
Nunca se dê por vencido
Só não tem jeito pra morte
Eu também andava assim
Pensando que era o meu fim
Mas que nada agora tem
Uma nova operação
E eu lhe trouxe a solução
Pra você fazer também.
 

 Essa nova descoberta
No mundo da medicina
Veio com um especialista
Recém-chegado da China
Com cuidado o doutor corta
Essa aí que já tá morta
E o transplante ele é quem faz
Sei que você interessa
Ter outra no lugar dessa
Que não tá prestando mais.
 

 Pegue o endereço e vá
É nessa rua em Natal
Em uma clínica que fica
Ao lado do hospital
Chegando lá você olhe
Que a gente é quem escolhe
O tamanho... a qualidade...
Eu já fui lá e conheço
E vem incluído no preço
O prazo de validade.
 

Preste atenção, olhe bem
Se a que está nos seus planos
Se a que você quer botar
É pra durar muitos anos
Compadre, tem cada uma...
Não sei aonde ele arruma
Só vendo é que a gente crê
Gaste tudo que puder
Que você vai ver mulher
Correndo atrás de você.
 

 E logo no outro dia
Seu Edgar foi e fez
A sonhada cirurgia
No hospital do chinês
Era o doutor costurando
Seu Edgar só pensando
Eu agora tô zerado
Depois que tudo acabou
Voltou pra casa e ficou
Esperando o resultado.
 

 Cinco, seis meses e nada
Do negócio melhorar
Estava do mesmo jeito
Da que ele mandou cortar
Sentindo a desilusão
Sofrendo a decepção
Viu que tava era roubado
Em completo desatino
Mandou dizer pra Silvino
Que tinha sido enganado.
 

 Aí Silvino chegou
Com a cara de esperto:
Em mim prestou e porquê
Só em você não deu certo?
Deixe eu ver como ficou
Compadre, você comprou
A mais barata que tinha
É triste eu ter que falar
Tem razão de não prestar
Você botou foi a minha!

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