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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


Do facebook de Mariana Telles, recolhemos essa beleza poética:

Meu verso reúne costumes do povo
Que nasceu na sombra do sertão valente,
Fala das histórias de antigamente,
Contadas nas rimas do poeta novo,
Quem ouve uma vez, quer ouvir de novo
Que o verso é do mundo, do céu e do ar
Tem marcas bonitas do improvisar
Relembra a cadencia do rei do baião
O retrato vivo da cor do sertão
Lembrando as espumas da beira do mar

Num pé de uma serra nasci escutando,
Aboio, toada, forró, cantoria...
Acordava junto com o romper do dia
E na morte dele tava me deitando
Durmo numa rede com o pé balançando
A bíblia que eu leio me ensinou cantar,
E se Deus de novo na terra voltar
Procurando rastros perdidos no chão,
Vai achar pegadas no pó do sertão
Longe das areias da beira do mar

Eu sou de uma terra de gênio poetas
Doutores sem letras, sem togas, anéis
Que as feiras estendem varais de cordéis
Contando as histórias de antigos profetas
Matutas bonitas e analfabetas
Que aprendem primeiro, cortar, costurar...
Doutora nas prendas de cuidar do lar
Que prendem cabelo com laço de fita
E quanto mais simples ficam mais bonita
Do que essas outras da beira do mar

Nasci envolvida no véu do repente
Sentindo as pancadas do som da viola
Onde o verso nasce parecendo mola,
Quando um vai pra trás, vem outro pra frente
Um vestido longo de bico na frente
Vendo à hora a barra no chão se manchar
No couro ou na sola aprendi andar
Criei-me na terra longe do asfalto,
De saia cumprida,sem sapato alto
E não me acostumo na beira do mar

O shopping da gente é dia de feira
A lona estirada no chão da calçada
Um chapéu de palha já descosturada
Uma banda falta, a outra é inteira
Nossa cafeteira é uma chaleira
E um pano limpo pra café coar
Eu inda pastoro pra não derramar 
No fogão de lenha que meu avô fez
Mesmo assim não troco, nesse de vocês
Que café não presta com gosto de mar

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