Certo dia andando pelas ruas do centro de Petrolina,
avistei um ancião que ao cruzar uma avenida quase foi atropelado por um jovem
num carro em alta velocidade. Imaginando o que poderia ter acontecido àquele
senhor e ao condutor do veículo, escrevi, MOTORISTA ASSASSINO.
Um velhinho caminhava
Pelas ruas da cidade
E em alta velocidade
Um veículo trafegava
Bateu nele quando estava
De casa se aproximando
Na calçada ia pisando
Quando foi atropelado
E o motorista drogado
Do velho saiu zombando
Quem presenciou o fato
Ficou muito entristecido
Vendo o senhor estendido
Devido tanto maltrato
Ficou no anonimato
O nome do condutor
Quem viu não lembra da cor
Do veículo e da placa
Levaram ele na maca
Gemendo, sentindo dor.
Recebeu toda atenção
Soro com medicação
E cuidado especial
Estava passando mal
Pra UTI foi levado
Teve que ser operado
Às pressas com gravidade
Enquanto pela cidade
Se divertia o culpado
Não muito longe se via
Bebendo entre colegas
Alguém falando nos pegas
Que tivera nesse dia
Dizendo que quando ia
Puxando cento e cinqüenta
Um velhinho de setenta
Que não tinha o que fazer
Recebeu por merecer
A pancada violenta
Depois que a farra acabou
O rapaz voltou pra casa
Os olhos da cor de brasa
Da maconha que fumou
A sua mãe lhe contou
O que tinha acontecido
Disse: meu filho, um bandido
Atropelou o seu pai
Eu não sei como ele vai
Talvez já tenha morrido
O acidente se deu
Aqui fora na calçada
A rua ficou molhada
Do sangue que escorreu
O motorista correu
Rindo da situação
Deixou o seu pai no chão
Padecendo pra morrer
Nem imagina o sofrer
Daquele pobre ancião
Disseram que o motorista
Só podia estar drogado
Ou então embriagado
Pra ter saído da pista
A droga turvou a vista
Dessa pobre criatura
Abalou a estrutura
Poderia até matá-lo
Peço a Deus pra abençoá-lo
Livrá-lo da sepultura
Esse rapaz deve ter
Mais ou menos sua idade
Nos bares desta cidade
Vive a fumar e beber
Não teve a sorte de ser
Filho de um pai como o teu
Que mesmo sendo plebeu
Te deu boa educação
Por isso é que você não
Nenhum desgosto nos deu.
Depois de tudo que ouviu
O rapaz ficou aflito
Chorando soltou um grito
E bem depressa saiu
Para o hospital partiu
Em carreira desmedida
Atravessou avenida
Tropeçando quase cai
E quando chegou seu pai
Já tinha perdido a vida
O doutor falou pra ele:
O seu pai reconheceu
Quem foi que nele bateu
Quem fez tanto estrago nele
Morria sem ódio dele
E até perdão lhe daria
Pediu a Virgem Maria
Que o colocasse no trilho
E disse: Doutor, meu filho
Me fez esta covardia
O jovem viu num segundo
Que tudo estava acabado
O seu pai assassinado
Por quem amou neste mundo
Sentiu um golpe profundo
Correndo da sala sai
Um carro passando vai
Ele se lança pra morte
Eis aí a triste sorte
Do filho que mata o pai.
***
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