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quarta-feira, 16 de maio de 2012

O poeta paraibano, Zé Moura, meu amigo de longa data, escreveu o poema abaixo no dia em que a sua genitora faleceu. Vejamos a beleza da poesia.



Lindalva, mãe acordou?
Eu nem sei, nem fui olhar.
Eu também não sei se vou!
Não gosto de incomodar
Que achas, devo acordá-la?
-É melhor ficar na sala
até ela se acordar.

-Será que vai demorar?
- Eu nem sei dizer José,
Sei que lhe servi café
As seis horas da manhã
Com aguardente alemã
Pra controlar a pressão
Pouca coisa ela comeu
Deitou-se e adormeceu
Não fui ao quarto mais não.

Talvez esteja acordada,
Vá lá, e dê uma olhada,
- É melhor mesmo, eu vou ver
Já está ficando tarde
Tenho tanto o que fazer!

Oi mãe, já se acordou?
Dormiu bem? O que sonhou?
Oi meu filho, que prazer!
Já faz tempo que chegou?
Mais ou menos uma hora
Não acordei a senhora
Que Lindalva não deixou.

Porque mãe não respondeu
O que eu lhe perguntei?
Será que se esqueceu?
Não meu filho, estou lembrada
Perguntou se dormi bem
E também o que sonhei
Foi isto, ou estou errada?

Não! A senhora está certa
Foi isto que perguntei...
Não meu filho, eu não sonhei
Não sonho nada porque
Não pertenço mais ao mundo
Estou num sono profundo
Quem está sonhando é você.

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