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segunda-feira, 18 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
MOTE: QUEM BEBE CANA ROENDO / TEM MIL RAZÕES PRA BEBER
(Paulo Robério Rafael Marques)
DISSE
UM VELHO AMIGO MEU
QUE
PAIXÃO MAL RESOLVIDA
JOGOU
ELE NA BEBIDA
MACHUCOU
O PEITO SEU
SEM
SER AMADO SOFREU
PAGANDO
SEM MERECER
PASSOU
DIAS SEM COMER
SOMENTE
PINGA BEBENDO
QUEM
BEBE CANA ROENDO
TEM
MIL RAZÕES PRA BEBER.
QUANTAS
VEZES NÃO DORMIU
EM
BECO, ESQUINA E VIELA
QUASE
PISADO POR ELA
QUE
AO PASSAR, FEZ QUE NÃO VIU
INDA
ESCARROU E CUSPIU
ZOMBANDO
DO PADECER
QUEM
PODIA LHE ACOLHER
SAIU
BEM ALTO DIZENDO:
QUEM
BEBE CANA ROENDO
TEM
MIL RAZÕES PRA BEBER.
ESSA
INGRATA CRIATURA
POR
MUITO TEMPO ZOMBOU
DE
QUEM SEMPRE LHE AMOU
E
QUASE FOI A LOUCURA
QUEM
VIVEU SÓ DE TONTURA
VENDO
O MUNDO SE MEXER
TENTANDO
SE REERGUER
MAS
A FERIDA DOENDO
QUEM
BEBE CANA ROENDO
TEM
MIL RAZÕES PRA BEBER.
QUEM
SOFREU DECEPÇÃO
NA
VIDA SENTIMENTAL
É
QUEM PADECE DO MAL
DA
DOR DA DESILUSÃO
TODO
CORNO TEM RAZÃO
DE
BEBER ATÉ MORRER
DE
CHORAR, SE MALDIZER
SENTINDO
O CHIFRE DOENDO
QUEM
BEBE CANA ROENDO
TEM
MIL RAZÕES PRA BEBER
terça-feira, 12 de novembro de 2013
MOTE: O NORDESTINO RECLAMA
/CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
Autor: Paulo Robério
Rafael Marques – 10/11/2013.
O CAMPONÊS SERTANEJO
ESTÁ SEM RUMO E SEM PLANOS
QUE A SECA DE LONGOS ANOS
TEM LHE TIRADO O DESEJO
DE VIVER NO LUGAREJO
VENDO A SUA CRIAÇÃO
SEM TER PASTO NEM RAÇÃO
COM SEDE BEBENDO LAMA
O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
SEM CAIR CHUVA NA TERRA
NADA PODE PROSPERAR
QUEM É QUE PODE FICAR
MORANDO NUM PÉ DE SERRA
OUVINDO A CABRA QUE BERRA
SEM TER LEITE PRO MARRÃO
QUE SUGANDO O PEITO EM VÃO
MASTIGA A TETA E NÃO MAMA
O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
QUEM OLHA PARA A CAATINGA
NÃO ENXERGA UMA SÓ FOLHA
DO CÉU NÃO CAI UMA BOLHA
DAS NUVENS ÁGUA NÃO PINGA
SÓ PARECE SER MANDINGA
QUE BOTARAM NO SERTÃO
NINGUÉM FAZ MAIS ORAÇÃO
NEM ROUBA SANTO DE FAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
DE DOM JOÃO IMPERADOR
ATÉ DILMA PRESIDENTA
ESSA OBRA ARREGIMENTA
O VOTO DO ELEITOR
DEPUTADO, SENADOR
FAZ PROMESSA EM ELEIÇÃO
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO
NÃO CONCLUI ESSE PROGRAMA
E O SERTANEJO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
OBRA DE CINCO BILHÕES
ESTIMADA NO COMEÇO
MAIS DE OITO, HOJE É O
PREÇO
E POUCAS EXPLICAÇÕES
SÃO MUITAS CONTRADIÇÕES
NESSA MEGA OPERAÇÃO
ENQUANTO ISSO O POVÃO
PADECENDO HORRÍVEL DRAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
PROMETENDO LEVAR ÁGUA
PRA MAIS DE DOZE MILHÕES
DE PESSOAS NOS SERTÕES
POR ENQUANTO SÓ HÁ MÁGOA
E UMA ENCHENTE QUE DESÁGUA
DO ROSTO DE CADA IRMÃO
QUE SEM TER OUTRA OPÇÃO
BEBE O PRANTO QUE DERRAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
DESDE QUANDO COMEÇOU
ESSA OBRA FARAÔNICA
UMA CIFRA ASTRONÔNICA
O NOSSO POVO PAGOU
DIVERSAS VEZES PAROU
SOB MUITA ALEGAÇÃO
PRA FAZER NOVA ADIÇÃO
EM CONTRATO E CRONOGRAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
PRA TREZENTAS E NOVENTA
CIDADES DE QUATRO ESTADOS
CANAIS E TUBOS LEVADOS
PRA NOS LIVRAR DA TORMENTA
É ISSO QUE SE ARGUMENTA
PRO POVO DA REGIÃO
MAS POR ENQUANTO ESSA AÇÃO
NÃO MUDOU O PANORAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
É GRANDE A CALAMIDADE
NA REGIÃO SERTANEJA
AS TVS, JORNAIS E A “VEJA”
MOSTRANDO A REALIDADE
QUE PASSA CADA CIDADE
NO MAIS DISTANTE RINCÃO
O SOL QUENTE RACHA O CHÃO
SECA AÇUDE E MURCHA A RAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
EU JÁ VI PELOS JORNAIS
E NÃO FOI SÓ UMA VEZ
O POBRE DO CAMPONÊS
PERDENDO SEUS ANIMAIS
QUANTA FALTA A ÁGUA FAZ
PRA PLANTA E PRA CRIAÇÃO
UM CANAL DE IRRIGAÇÃO
RESOLVERIA ESSE DRAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
PERNAMBUCO E CEARÁ
E O RIO GRANDE DO NORTE
PADECERAM COM A MORTE
DO GADO QUE HAVIA LÁ
E A PARAÍBA ESTÁ
NA MESMA SITUAÇÃO
ASSISTINDO A AFLIÇÃO
DE CADA RÊS QUE SE ACAMA
E O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
ENQUANTO A CHUVA NÃO VEM
PRA REDUZIR O PROBLEMA
CONTINUA ESSE DILEMA
E O POVO FICA REFÉM
A GENTE ESPERA QUE ALGUÉM
COM PODER DE DECISÃO
RESOLVA ESSA EMBROMAÇÃO
E ACELERE ESSE PROGRAMA
QUE O NORDESTINO RECLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO.
NÓS NÃO VAMOS ESQUECER
DA SECA EM COPA DO MUNDO
HORA, MINUTO E SEGUNDO
VAMOS COBRAR E TORCER
NINGUÉM VAI SE CONVENCER
COM “ESMOLAS”, CIRCO E PÃO
EM TEMPO DE ELEIÇÃO
QUE EU JÁ CONHEÇO ESSA
TRAMA
NO ESTÁDIO A GENTE CLAMA:
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO
NÃO SOU POÇO DE BONDADE
NEM TRAGO O REI NA BARRIGA
MAS QUERO QUE ALGUÉM ME
DIGA
SE NÃO FALEI A VERDADE
POR FAVOR, POR CARIDADE
RESPEITE ESSA OPINIÃO
EU TAMBÉM SOU CIDADÃO
E ESTA TERRA A GENTE AMA
PRA DEFENDÊ-LA SE INFLAMA
CADÊ A TRANSPOSIÇÃO?
Apresentação que fiz no dia 1º de setembro de 2013 na cidade de Paulistana-PI, no I Encontro dos Descendentes de Valério Coelho Rodrigues e comemoração do seu aniversário de 300 anos.
A plateia estava repleta de descendentes do capitão português, autoridades religiosas, políticas, a exemplo do governador do Estado do Piauí, Wilson Martins e do Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (ambos descendentes de Valério Coelho).
Declamei o cordel alusivo ao evento, intitulado: Valério Coelho Rodrigues, Patriarca do Sertão.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
UMA
SERPENTE AGUARDAVA
HORAS
A FIO NUM CAMINHO
A
QUEDA DUM PASSARINHO
QUE
NO NINHO SE ABRIGAVA
UM
VENTO FORTE SOPRAVA
NA
QUENTURA DO VERÃO
LEVOU
O FILHOTE AO CHÃO
NUMA
QUEDA VIOLENTA
E
A COVARDE PEÇONHENTA
CUMPRIU
A SUA MISSÃO
SERPENTE
SEM CORAÇÃO
EXCOMUNGADA
POR DEUS
TU
QUERIAS VER OS TEUS
FILHOS,
NESSA CONDIÇÃO?
ESTRAÇALHADOS
NO CHÃO
COMIDOS
PELO INIMIGO
E
AO VOLTAR PRO TEU ABRIGO
ASSISTIR
A ESSA CENA
SERÁ
QUE TERIAS PENA
DE
QUEM FEZ ISSO CONTIGO?
PORQUE
QUANDO O PASSARINHO
NA
VENTANIA CAIU
VOCÊ
VELOZ NÃO SUBIU
ENTRE
GARRANCHO E ESPINHO
DEVOLVEU
ELE PRO NINHO
QUE
A MÃE ESTAVA À PROCURA
VOANDO
NA NOITE ESCURA
PROCURANDO
O SEU FILHOTE
PREFERISTE
DAR UM BOTE
NA
INFELIZ CRIATURA
TU
FOSTE AMALDIÇOADA
QUE
QUEM TE VER RASTEJANDO
NÃO
TE DEIXAS IR PASSANDO
ATRAVESSANDO
UMA ESTRADA
POR
PEDRAS ÉS ALVEJADA
E
DEPOIS NO FOGO ARDENTE
TE
QUEIMAM RAPIDAMENTE
NÃO
SOBRAM NEM TEUS SINAIS
ÉS
MALDIÇÃO DOS MORTAIS
BATIZADA
DE SERPENTE
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Mote: Vejo o espelho cruel da minha sorte / Refletindo a beleza do passado
Glosas de Aluisio Lopes - S. J. do Egito
Bem pequena, muito amada por meus pais
Não sabia o que era sofrimento
Encantada no meu próprio encantamento
Muito longe, bem distante dos meus ais
Sem saber que futuros carrascais
Chegariam, num ocaso inesperado
Num impasse se faria inaugurado
Sem aviso sem mostrar o passaporte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Feito jovem, pele linda, tez nevada
Como a pura porcelana, a eleita!
Sublimar, belo lírio que enfeita
Todo campo, branca mesa entoalhada
De repente, mais que de repente em nada
Tudo, tudo, isso vejo transformado
Todo traço de beleza, ocultado
Minhas linhas, minhas curvas, são deporte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Meus cabelos que pendiam belamente
Ralearam, não mais chegam à cintura
Meus catorze anos, de alma pura
Do pecado carnal, eu era ausente
Mas o dia D da dor se fez presente
Apossou-se, fez morada do meu lado
A alegria para sempre fez traslado
Lá bem longe foi morar, não sei seu norte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Ao passar na vitrine, me espanto
Custo crer na figura projetada
Um espectro assustado sai do nada
Arrebata meu momento, desencanto
A tristeza se apodera, cai o pranto
Cubro o rosto pra não ver meu próprio estado
Lembro todos que roubaram meu primado
Olho em volta, a saída é só a morte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado.
Glosas de Aluisio Lopes - S. J. do Egito
Bem pequena, muito amada por meus pais
Não sabia o que era sofrimento
Encantada no meu próprio encantamento
Muito longe, bem distante dos meus ais
Sem saber que futuros carrascais
Chegariam, num ocaso inesperado
Num impasse se faria inaugurado
Sem aviso sem mostrar o passaporte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Feito jovem, pele linda, tez nevada
Como a pura porcelana, a eleita!
Sublimar, belo lírio que enfeita
Todo campo, branca mesa entoalhada
De repente, mais que de repente em nada
Tudo, tudo, isso vejo transformado
Todo traço de beleza, ocultado
Minhas linhas, minhas curvas, são deporte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Meus cabelos que pendiam belamente
Ralearam, não mais chegam à cintura
Meus catorze anos, de alma pura
Do pecado carnal, eu era ausente
Mas o dia D da dor se fez presente
Apossou-se, fez morada do meu lado
A alegria para sempre fez traslado
Lá bem longe foi morar, não sei seu norte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado
Ao passar na vitrine, me espanto
Custo crer na figura projetada
Um espectro assustado sai do nada
Arrebata meu momento, desencanto
A tristeza se apodera, cai o pranto
Cubro o rosto pra não ver meu próprio estado
Lembro todos que roubaram meu primado
Olho em volta, a saída é só a morte
Vejo o espelho cruel da minha sorte
Refletindo a beleza do passado.
Fonte: http://leomedeirospoetapopular.blogspot.com.br/2012/05/o-espelho-cruel-da-minha-sorte.html
Há muito tempo nâo chove
(Padre Bras Ivan Costa - poeta egipciense)
Irmã seca injustiçada
Venho te pedir perdão,
Pelos golpes e insultos
E as culpas que te dão.
Dizem que és inclemente
Causticante,e renitente,
Isenta de piedade.
Doadora de subejos,
Madrasta dos sertanejos,
E mâe da calamidade.
És da fome promotora
Da sede fonte perene,
A maior acionista
Da indústria da Sudene.
Do desespero és a farra,
Inspiração da cigarra,
Patrocínio da discórdia.
Tu és causa de gemido.
Pra sertanejo ferido:
Tiro de misericórdia.
Mas na verdade irmã seca,
Tu não tens culpa de nada.
És bode espiatório,
De uma política safada.
Que diz que só faz o bem,
Roubando de quem não tem,
Depois usando teu nome.
Cria leis só para alguns,
Leis que enriquecem uns,
E matam muitos de fome.
Não irmã, tu não tens culpa
És um fator natural,
No meu nordeste tem seca
Mas é seca de moral.
Temos uma seca crítica
Mas é seca de política
Que almeje o bem comum.
E não nos dê duras penas
Mate de fome centenas
Para saciar só um.
Desculpe irmã seca insultos,
Acusas e maldições.
Protestos que tu recebes
Dos cariris aos sertões.
O desespero e a mágoa
Nâo são por falta de água
E pão que a todos comove.
É por que gente que sonha
E politico de vergonha
Há muito tempo nâo chove."
Brás Ivan Costa Santos
Versos do padre poeta Bras Ivan Costa de São José do Egito
Deus num mistério indizível
Para nutrir os cristãos
Apesar dos meus deméritos
Faz uso de minhas mãos
E no Santo Sacramento
Faz do seu Filho alimento
Para eu dá-lo aos meus irmãos.
---------------------------------------
Obrigado por que hoje acordei
Obrigado por tudo que vivi
Pelas mil emoções que eu senti
Nas três missas que hoje celebrei
Por irmãos e irmãs que encontrei
Pelo ar que por mim foi respirado
Obrigado pelo que tens me dado
Que recebo sem mesmo merecer
Pelo dom indízivel de viver
Obrigado meu Deus, muito obrigado.
--------------------------------------------
Tenho saudade de tudo
Até do que não vivi
Não tem quem conte a metade
Das saudades que senti
Talvez por ingênuidade
As vezes sinto saudade
Sem saber nem o motivo
Ela me nutre e completa
E como disse o poeta:
"É de saudade que vivo".
Cai chuva mansa, ameniza
As dores da estiagem
Vem, refresca e suavisa
Com tua doce bafagem
Recorda as minhas orelhas
Aquela orquestra nas telhas
Que só Deus sabe compor
Traz pro nosso povo alento
Muda a cor do sofrimento
Pro sertão mudar de cor.
E quando tudo parece
Perdido sem ter mais jeito
Resta o direito da prece
(Nosso divino direito)
Fale o que sente não cale
Pois essa vida só vale
Se vivida plenamente.
Deus já nos criou de Graça,
Não queiramos que Ele faça
Também a parte da gente.
O sapo afina a garganta
No barreiro faz barulho
A agua arrasta o basculho
O pingo refresca a planta
Uma novilha se espanta
Com o som que o trovão fez
A miséria deixa a vez
Pras alegrias da vida.
A chuva cura as feridas
Profundas que a seca fez.
Escondi minhas tristezas
As minhas magoas tambem
E nao contei a ninguem
Tuas muitas safadesas.
Hoje vivo pelas mesas
Dos bares do Pajeu
Me enganando com pitu
Pra ver se meu peito aguenta
"Pra tu ver bixa nojenta,
Qu'eu inda gosto de tu"
Aos poucos sinto a saudade
Se agasalhando em meu leito
Como um moleque traquino
Depois de tanto mal feito
Se deita e dorme sutil
Minha saudade dormiu
Na tipoia do meu peito.
Mote: Henrique Brandão (Parafraseando Dede Dedé Monteiro)
Glosas: Padre Brás Ivan Costa
E Deus se compadecendo
Vendo seu povo sofrer
Manda seu sol se esconder
Vê-se o céu escurecendo
Vem uma nuvem chovendo
Da comporta da usina
Deus manda abrir a turbina
Que a seca tinha fechado
Pro sertão ficar molhado
DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
Do sertão para o agreste
Dum tecido colorido
A chuva tece um vestido
E o corpo da terra veste
No céu um arco celeste
Fica enfeitando a cortina
Feita de véu e neblina
Que Deus quis dá de presente
Pra janela do poente
DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
A água tange o basculho
No manso leito do rio
Que se encontrava vazio
Desde meiados de julho
Da mata vem o barulho
Do canto da sururina
Que não canta a trsite sina
De uma ave viúva
Mas, canta louvando a chuva
DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
A telha deixa que molhe
A linha, o caibro e a ripa
O "empresário" do pipa
Os carros pipas recolhe
O gado faminto escolhe
O que comer na campina
Nem sequer olha pra tina
Onde só comia palma
O sertão muda de alma
DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
A água corre barrenta
Pelos cantos do terreiro
E a copa do marmeleiro
Um verde brilhante ostenta
No nascente se apresenta
Uma torre pequenina
A chuva começa fina
Mas, aos pouquinhos engrossa
Começa a festa na roça
DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
Brás Ivan Costa Santos
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
SEVERINA BRANCA: A POETISA DA EMBRIAGUÊZ
A situação de Severina Branca é a seguinte: quando ela bebia não faltava amigos para visitar, pedir para recitar poesias, faziam filmagem, davam dinheiro e abraços era o que não faltava. Agora está cega e sozinha, onde andam estas pessoas? ela agora precisa da visita desses desaparecidos mais do que nunca! Severina Branca vendia o corpo para sobreviver (era prostituta na famosa salgadeira de São José do Egito) e criar seus filhos, além de sustentar sua embriaguêz, seu vício...talvez uma das maiores poetisas do Pajeú...
Inda sinto o tremor das mãos sujas
Afagando o meu corpo pecador
Ao invés do prazer sentia dor
E no meu peito a voz dizendo fujas.
Entre as brechas das telhas as corujas
Agouravam as minhas desventuras
Eu gritava pra Deus lá nas alturas
Leve logo este ser que é tão sofrido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Quantos homens chegavam embriagados
Dando chutes na porta como loucos
Os gentis para mim foram tão poucos
Eram seres tristonhos, reservados.
Eu perdi a noção dos meus pecados
Pela fome com facas de perjuras
Que cortava minha alma com agruras
E sangrava o meu peito já ferido
O silêncio da noite é quem tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Severina Branca, por Zeto.
Sou da casa em que de madrugada
A criança acalenta-se ao cio
E faz sombra com a luz de um pavio
Que tem fogo amarelo igual espada
A mulher nua e fria está deitada
Ao seu lado um parceiro de aventuras
Que lhe mente a tentar fazer ternuras
Traz na bota dinheiro escondido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Geralmente depois das oito horas
Tomo banho me arrumo no meu quarto
Para o salão toda enfeitada toda parto
Pra aceitar uns convites, e outros foras.
A cachaça e o fumo são escoras
Dando ao corpo alegrias e torturas
E as doses que eu tomo são tão puras
Que o ambiente se torna colorido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
O pecado pra mim é testemunha
Pois ladeia o meu peito o tempo inteiro
Do primeiro ao último parceiro
Dou um nome diferente, faço alcunha.
O vermelho é perene em minha unha
Meu trabalho é melhor sendo às escuras
Sou alguém que procura umas procuras
Que navegam no rio do gemido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Mas às vezes pra cama eu vou sozinha
Procurei muitos homens não achei
E aquele que eu mais acreditei
Deu-me um “seixo” e eu paguei o quarto à Dinha
Eu já sei que é tardia a ladainha
Parecido com um pingo em pedras duras
Sou irmã, pois, do canto das loucuras
E o meu peito é acorde do alarido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Poema transcrito do LP de Zeto – Andarilho
Pedro Torres
A criança acalenta-se ao cio
E faz sombra com a luz de um pavio
Que tem fogo amarelo igual espada
A mulher nua e fria está deitada
Ao seu lado um parceiro de aventuras
Que lhe mente a tentar fazer ternuras
Traz na bota dinheiro escondido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Geralmente depois das oito horas
Tomo banho me arrumo no meu quarto
Para o salão toda enfeitada toda parto
Pra aceitar uns convites, e outros foras.
A cachaça e o fumo são escoras
Dando ao corpo alegrias e torturas
E as doses que eu tomo são tão puras
Que o ambiente se torna colorido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
O pecado pra mim é testemunha
Pois ladeia o meu peito o tempo inteiro
Do primeiro ao último parceiro
Dou um nome diferente, faço alcunha.
O vermelho é perene em minha unha
Meu trabalho é melhor sendo às escuras
Sou alguém que procura umas procuras
Que navegam no rio do gemido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.
Mas às vezes pra cama eu vou sozinha
Procurei muitos homens não achei
E aquele que eu mais acreditei
Deu-me um “seixo” e eu paguei o quarto à Dinha
Eu já sei que é tardia a ladainha
Parecido com um pingo em pedras duras
Sou irmã, pois, do canto das loucuras
E o meu peito é acorde do alarido
Que o silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Poema transcrito do LP de Zeto – Andarilho
Pedro Torres
sertaoemfotoepoesia.blogspot.com
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Em recente visita a São José do Egito, minha cidade natal, dei uma esticada até a casa do meu amigo de longa data, Zé de Cazuza, cognominado de "gravador ambulante". Na foto está meu tio Laurindo, Zé de Cazuza e eu, no Sítio São Francisco, município de Prata - PB.
Quando chegamos lá, Antenor (filho de Zé) preparou uma deliciosa carne de sol com arroz de leite, que revigorou as nossas energias para mais umas cervejas e lapadas de cana.
Versos de Zé de Cazuza (José Nunes Filho)
SONETO: Partida de minha mãe
Quem da terra partiu levando um riso,
Estampado nos lábios por lembrança,
Com certeza levava a esperança
De alcançar o perdão no paraíso.
Diz o filho sentindo o prejuízo,
A chorar pela mãe que fez mudança,
Aspirando de DEUS a confiança,
De abraçá-la no dia de juízo.
Sobre o seu leito quando morta estava,
Sua bela feição me retratava,
A feição duma santa de capela.
Senti nos olhos arrojado pranto,
A minha mãe que me estimava tanto
Só teve um filho pra chorar por ela.
Os dois retratos:
Sabe o que ficou pra mim
De mãe que nunca me esqueço
Um retrato do começo
E o retrato do fim.
Ambos agradam a mim,
Embora os veja sem gosto,
Um mostra rugas no rosto,
O outro tão diferente,
Um parece o sol nascente,
Outro parece o sol posto.
Quem da terra partiu levando um riso,
Estampado nos lábios por lembrança,
Com certeza levava a esperança
De alcançar o perdão no paraíso.
Diz o filho sentindo o prejuízo,
A chorar pela mãe que fez mudança,
Aspirando de DEUS a confiança,
De abraçá-la no dia de juízo.
Sobre o seu leito quando morta estava,
Sua bela feição me retratava,
A feição duma santa de capela.
Senti nos olhos arrojado pranto,
A minha mãe que me estimava tanto
Só teve um filho pra chorar por ela.
Os dois retratos:
Sabe o que ficou pra mim
De mãe que nunca me esqueço
Um retrato do começo
E o retrato do fim.
Ambos agradam a mim,
Embora os veja sem gosto,
Um mostra rugas no rosto,
O outro tão diferente,
Um parece o sol nascente,
Outro parece o sol posto.
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