Um ano bom de inverno
Tema
desenvolvido em congresso pelos cantadores João Paraibano e Raimundo Caetano. João
Paraibano inicia a sextilha com o seguinte verso:
QUANDO
O ANO É BOM DE INVERNO
CADA
AVE SOLTA UM PIO
DEUS
FORRA UM LENÇOL DE GRAMA
COBRINDO
O CHÃO DO BAIXIO
E
AS ENCHENTES SE ACIDENTAM
FAZENDO
AS CURVAS DO RIO
FICA
MAIS VERDE O BAIXIO
E
OS RIOS FICAM DE NADO
COM
FLORES CIPÓS E RAMAS
O
SERTÃO FICA ENFEITADO
E
A CHUVA DEVOLVE AS FOLHAS
QUE
A SECA TINHA LEVADO
BOI
QUEBRA BICO DE ARADO
PAREDE
DE AÇUDE RACHA
NO
CAMPO A LAVOURA SOBE
NO
MERCADO O FEIJÃO BAIXA
BATATA
CRESCE TÃO RASA
QUE
ATÉ SEM CAVAR SE ACHA
NO
BARREIRO A RÃ COAXA
A
PAISAGEM SE EXUBERA
O
VENTO SOPRA MAIS FRIO
A
TERRA SE REFRIGERA
A
CHUVA FAZ UM MILAGRE
O
SERTÃO VOLTA AO QUE ERA
TANTA
FLOR DE PRIMAVERA
CHORA
UM PRANTO CRISTALINO
DEUS
TECE TRAPOS DE NEVE
COM
FIO BRANCO E TÃO FINO
PARECENDO
ALGODÃO DOCE
RASGADO
EM MÃO DE MENINO
GUIADO
PELO DESTINO
O
RIACHO SERPENTEIA
O
RIO COMO UMA COBRA
DESLIZA
SOBRE A AREIA
E
OS SAPOS VIRAM CANTORES
NA
SERENATA DA CHEIA
A
GITIRANA SEMEIA
GRÃO
PRA ROLINHA E ANUM
DEUS
ABRE A FLOR AMARELA
NO
FUNDO DUM JERIMUM
MAS
SE ELE MURCHAR PRIMEIRO
NO
PÉ NÃO SEGURA UM
NÃO
FICA MUITO COMUM
VER
O SOL DA COR DE BRASA
TEM
MUTUCA E LAGARTEIRO
SAPO
E FORMIGA DE ASA
E
PAIÓIS DE FEIJÃO BATENDO
NA
CUMEEIRA DA CASA
A
FORMIGA CRIA ASA
LEITE
NA TIGELA AZEDA
ONDE
UM JUÁ SE BALANÇA
A
RAPOSA ESPERA A QUEDA
E
O PEREIRO CHEIRA TANTO
QUE
A PRÓPRIA FLOR SE EMBEBEDA
CACHOEIRA
AUMENTA A QUEDA
TEM
PASSARINHOS CANTANDO
A
NEVE COBRINDO AS SERRAS
QUE
AMANHECEM CACHIMBANDO
DE
LONGE A PESSOA PENSA
QUE
O CHÃO TÁ SE INCENDIANDO
TEM
CURURU COCHILANDO
NAS
VEREDAS DAS FORMIGAS
UM
PÉ DE MILHO SE ENVERGA
COM
O PESO DE TRÊS ESPIGAS
COMO
UMA MÃE DE TRÊS GÊMEOS
SEM
POSSUIR TRÊS BARRIGAS
O
MILHO AUMENTA AS ESPIGAS
A
CORRENTEZA NÃO PARA
A
RAMA DE JITIRANA
SOBE
NAS CERCA DE VARA
E
AS NUVENS SERVEM DE VÉU
PRO
SOL ESCONDER A CARA
VÊ-SE
O SOL GUARDANDO A CARA
POR
DETRÁS DE UM MANTO ESCURO
UM
JERIMUM SE ESTENDE
NA
COCORUTA DE UM MURO
TODO
ARROTO DE BOI MANSO
SÓ
CHEIRA A CAPIM MADURO
SEM
TER MEDO DO FUTURO
O
SERTÃO DORME TRANQUILO
FEIJÃO
FICA TÃO BARATO
QUE
QUEM QUER ENCHER O SILO
COMPRA
UM SACO PELO PREÇO
QUE
OUTRORA COMPRAVA UM QUILO
COM
UM TROVÃO INTRANQUILO
UM
CACHORRO AZUNHA A PORTA
ONDE
TEM FOLHA A FORMIGA
UMA
CARREGA OUTRA CORTA
QUANDO
MORRE ENVENENADA
A
VIVA CARREGA A MORTA
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